Quando me olho no espelho, tento me lembrar do que via no
espelho de alguns anos atrás. E, se eu me visse do mesmo jeito de antes nos dias de hoje,
me detestaria.
A nossa aparência, nossa personalidade e nosso modo de
encarar a vida depende dos nossos conceitos no momento. Do que enxergamos em
relação a nós.
Antes, eu me via como uma “menina correta”. Não usava
maquiagem, não me arrumava, criticava todos à minha volta pelo simples fato de
pensarem de modo diferente do meu. Minha intolerância religiosa, de gênero e comportamental
era evidente e eu nem me esforçava pra fazê-la menor. Eu enxergava o mundo com
a perspectiva de que só pode haver um lado certo.
Eu tinha a mente cercada por
um muro de crenças, dogmas e imposições. Cresci com eles. Mas, com o passar do
tempo, me recusei a continuar colocando tijolos, ou mesmo manter o tal muro lá,
impedindo minha visão. Comecei a derrubá-lo, primeiramente aos poucos. Depois
que ví o que me aguardava lá fora, continuei com a demolição ainda mais
rapidamente, ansiando por ver mais. Sentir mais. Provar mais. Viver mais.
Lá, fora dos muros, existe um oceano de possibilidades, onde mal se vê a linha do horizonte. Lá, fora dos limites que você mesmo impôs, há
muitas respostas, bem como muitas perguntas também. Lá fora, a vida te convida a
dançar, te convida a experimentá-la como você nunca fez. Lá fora, você pode,
assim como eu, se descobrir outra pessoa. Uma pessoa que se olhe no espelho e
se apaixone pelo que se tornou. Mas isso só pode ser feito lá fora, depois que
as paredes forem derrubadas.
- Ana Beatriz V.
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